Duas comadres conversavam enquanto faziam as unhas no Salão Unha Bela, em Brasília:
Jurema – Ai, menina, não te conto. Sabe a Marlidice, viúva do senador
Jefferson Péres? Pois é, está de malas prontas para a Polinésia Francesa.
Jaciara – Você conhece a Polinésia Francesa?
Jurema – Não. E você?
Jaciara – Eu não. Mas já vi umas fotos na
Viagem&Turismo. É lindaaaaa, parece a
Ilha de Caras!
Jurema – Eu não acho certo a Marlidice conher a Polinésia antes de mim, ainda por cima com o meu dinheiro…
Jaciara – COM O SEU DINHEIRO?
Jurema – É, minha filha, e com o seu também. Você não soube não? Aquela ali aplicou certo. Descolou uma mega grana com o
Garibaldi Alves, que na época era presidente do senado. Ele devia favores à família…
Jaciara – E VOCÊ ME FALA ISSO COM ESSA PLACIDEZ??? Eu aqui comemorando quando consigo passar o fim de semana fazendo compras na
25 de março e ela comendo caviar as minhas custas??? NÃO! E ELA NÃO VAI CONHECER A POLINÉSIA FRANCESA ANTES DE MIM!! A não ser que a Caras me convide para uma temporada na Ilha. MAS COMO ISSO NÃO VAI ACONTECER…
Dona Jaciara, com as unhas por fazer, levanta, sobe na cadeira da manicure e convoca a fraguesia do Unha Bela a participar do movimento:
“Pague o Salão de Beleza ao invés de ir para a Polinésia Francesa”.
Todas aderiram: em protesto, deixaram as contas do salão a serem pagas por Dona Marlidice, rumaram em marcha para a casa da viúva e, em seguida, para o Senado Federal. Dona Francisca, proprietária do salão, era a mais engajada.
COMtextoViúva de senador converte cota de passagens em dinheiro Dona Marlidice Péres Senador Jefferson Péres
O Senado liberou, no fim do ano passado, a cota de passagens aéreas deixadas por Jefferson Péres (PDT-AM) - que morreu em maio de 2008 - à viúva do senador, Marlidice Péres. Em dezembro, ela recebeu R$ 118.651,20 em espécie, referentes à cota que o senador não usou de janeiro a abril de 2008.
O procedimento foi assinado pelo então presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), à revelia dos demais membros da Mesa Diretora. A liberação não é prevista no ato do Senado que regulamenta o uso de passagens, destinadas ao deslocamento de parlamentares a seus estados.
A viúva de Péres, que é juíza estadual aposentada, afirmou que o Senado "tem tanto desperdício de dinheiro público", que o pagamento a ela não pode ser considerado ilegal, pois a cota de passagem era do seu marido e, portanto, lhe pertencia.