aMenas coisas

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Com o seu dinheiro

Duas comadres conversavam enquanto faziam as unhas no Salão Unha Bela, em Brasília:

Jurema – Ai, menina, não te conto. Sabe a Marlidice, viúva do senador Jefferson Péres? Pois é, está de malas prontas para a Polinésia Francesa.

Jaciara – Você conhece a Polinésia Francesa?

Jurema – Não. E você?

Jaciara – Eu não. Mas já vi umas fotos na Viagem&Turismo. É lindaaaaa, parece a Ilha de Caras!

Jurema – Eu não acho certo a Marlidice conher a Polinésia antes de mim, ainda por cima com o meu dinheiro…

Jaciara – COM O SEU DINHEIRO?

Jurema – É, minha filha, e com o seu também. Você não soube não? Aquela ali aplicou certo. Descolou uma mega grana com o Garibaldi Alves, que na época era presidente do senado. Ele devia favores à família…

Jaciara – E VOCÊ ME FALA ISSO COM ESSA PLACIDEZ??? Eu aqui comemorando quando consigo passar o fim de semana fazendo compras na 25 de março e ela comendo caviar as minhas custas??? NÃO! E ELA NÃO VAI CONHECER A POLINÉSIA FRANCESA ANTES DE MIM!! A não ser que a Caras me convide para uma temporada na Ilha. MAS COMO ISSO NÃO VAI ACONTECER…

Dona Jaciara, com as unhas por fazer, levanta, sobe na cadeira da manicure e convoca a fraguesia do Unha Bela a participar do movimento:

“Pague o Salão de Beleza ao invés de ir para a Polinésia Francesa”.

Todas aderiram: em protesto, deixaram as contas do salão a serem pagas por Dona Marlidice, rumaram em marcha para a casa da viúva e, em seguida, para o Senado Federal. Dona Francisca, proprietária do salão, era a mais engajada.

COMtexto

Viúva de senador converte cota de passagens em dinheiro

Dona Marlidice Péres

Senador Jefferson Péres

O Senado liberou, no fim do ano passado, a cota de passagens aéreas deixadas por Jefferson Péres (PDT-AM) - que morreu em maio de 2008 - à viúva do senador, Marlidice Péres. Em dezembro, ela recebeu R$ 118.651,20 em espécie, referentes à cota que o senador não usou de janeiro a abril de 2008.

O procedimento foi assinado pelo então presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), à revelia dos demais membros da Mesa Diretora. A liberação não é prevista no ato do Senado que regulamenta o uso de passagens, destinadas ao deslocamento de parlamentares a seus estados.

A viúva de Péres, que é juíza estadual aposentada, afirmou que o Senado "tem tanto desperdício de dinheiro público", que o pagamento a ela não pode ser considerado ilegal, pois a cota de passagem era do seu marido e, portanto, lhe pertencia.
Matéria publicada na Folha de São Paulo

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial